quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

DESENVOLVENDO APLICATIVOS PORTUGUÊS-LIBRAS PARA O AUXÍLIO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Ma. Jessica Rocha de Souza Cardoso Universidade Federal do Pará (UFPA) jessicacardoso.libras@gmail.com Dr. Dionne Cavalcante Monteiro Universidade Federal do Pará (UFPA) dionne@ufpa.br Ma. Raquel da Silva Gomes Universidade do Estado do Pará (UEPA) raquel.gomes@uepa.br Resumo Este trabalho propõe a elaboração de um aplicativo bilíngue (Português-Libras) para o ensino de pessoas surdas, que apresenta em Português e em Língua Brasileira de Sinais: termos específicos, conceitos, uma breve contextualização dos conceitos, textos da disciplina e ementa a partir da proposta da docente. O app foi elaborado a partir dos conteúdos da disciplina Processos Linguísticos, disciplina fundamental do curso de Letras Libras, curso ofertado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) e pode ser utilizado em qualquer área do conhecimento para apresentar termos específicos para alunos surdos. Esta pesquisa justifica-se pelo reconhecimento de uma necessidade apresentada pela comunidade surda ao ingressar no ensino superior, pois enfrenta dificuldade na compreensão de termos específicos de determinada área, constatou-se tais barreiras linguísticas por dados bibliográficos e experiências na UEPA ao identificar vivências visuais e linguísticas peculiares dos graduandos surdos. Portanto, busca-se criar estratégias de apoio aos docentes a fim de adaptar conteúdos complexos e dinamizar os conteúdos para formas visuais. No intuito de minimizar as dificuldades enfrentadas pelos graduandos surdos, partiu-se do seguinte problema: Como conceber e desenvolver um aplicativo bilíngue (Português-Libras) para docentes que atuam com graduandos surdos, do curso de Licenciatura Plena em Letras Libras da UEPA, buscando potencializar a aprendizagem dos termos específicos da disciplina Processos Linguísticos? O objetivo geral deste trabalho é conceber e desenvolver um aplicativo bilíngue (Português-Libras) para buscar potencializar a aprendizagem dos termos específicos da disciplina Processos Linguísticos. Como resultado da pesquisa constatou-se as dificuldades enfrentadas por graduandos surdos, no que se refere à compreensão de termos e conceitos específicos dentro de determinadas áreas do conhecimento, o aumento significativo de ingresso de pessoas surdas no ensino superior e os benefícios do uso de recursos tecnológicos, tais como aplicativos, na educação de surdos. Palavras-chave: Surdos. Educação Superior. Aplicativo. Recurso tecnológico. 1 INTRODUÇÃO As dificuldades educacionais apresentadas por surdos estão em todos os níveis de ensino, desde o básico ao superior. Esta pesquisa discute acerca de alunos surdos no Ensino Superior (ES), que segundo o Censo 2017 realizado pelo MEC existem 2.138 alunos com surdez matriculados em Instituições de Ensino Superior (IES). Considerando as informações acima percebe-se o aumento de acesso da comunidade surda ao ES nos últimos anos quando comparado ao Censo de 2013 em que 1.488 surdos tiveram acesso a cursos de graduação no Brasil. Em experiência como discente do curso de Letras Libras, a pesquisadora vivenciou diversas situações acerca da educação de surdos no ES, a dificuldade de compreensão que os surdos sentem ao ler textos em Língua Portuguesa (LP), bem como, o pouco uso de recursos visuais nas aulas e a falta de materiais bilíngues que auxiliem no processo de ensino-aprendizagem, aspectos que contribuem para dificuldade na compreensão de termos específicos das disciplinas iniciais dos cursos de graduação. Segundo Daroque e Padilha (2012) na época em que os surdos, que hoje estão no ES estavam no ensino básico, tiveram uma educação com instrução visando à alfabetização de ouvintes. Não se discutia a importância da Libras e tampouco a alfabetização dos surdos na sua primeira língua. Os surdos foram submetidos a abordagens clínicas e a práticas pedagógicas que buscavam o apagamento da surdez. Ao chegar no ES espera-se que os surdos dominem a leitura e a escrita da LP, mas para que isso ocorra é necessário que a LS seja considerada e desenvolvida como primeira língua e LP como segunda língua no ensino básico. Mas devido à falta de adequação dos conteúdos para pessoas surdas no ensino básico, os surdos ingressam nas IES com dificuldade de compreensão ao ler textos acadêmicos. Segundo Daroque e Padilha (2012) é necessário repensar nas condições de escolarização na educação básica desses sujeitos surdos, pois carregam uma defasagem quanto a elaboração de conhecimentos devido ao desenvolvimento insuficiente de uma língua de reflexão. Esta insuficiência gera prejuízo na aprendizagem das pessoas surdas que sentem a falta de conhecimentos prévios acerca da língua na modalidade escrita ao ingressar no ES. Diante do exposto, percebe-se que os discentes surdos têm dificuldade com a segunda língua, que não permite realizarem satisfatoriamente as atividades acadêmicas propostas: muitas vezes não compreendem de forma plena os conceitos, o que está escrito, o vocabulário e os significados que circulam em sala de aula. Eles sentem que o estudo cotidiano é pesado, pois não conseguem acompanhar o ritmo e a quantidade de leitura e escrita exigida (DAROQUE E PADILHA, 2012). Durante pesquisas bibliografias, identificou-se relatos de surdos que ingressaram no ES e expuseram as dificuldades enfrentadas na condição de graduandos surdos que vivem em um mundo majoritariamente ouvinte, como vemos a seguir: A mudança que ocorre em comparação ao ensino fundamental e médio é sentida no cotidiano da sala de aula em função das dificuldades de compreensão. Percebe-se, no recorte a seguir, como o surdo interpreta o ambiente universitário: P1: No ensino médio é bem simples, é fácil. Mas já estou na universidade, você encontra a dificuldade dos professores e alunos te compreenderem. Aqui na faculdade na aula de ouvintes me tratam igual a ouvinte. Surdo era tratado como surdo, só que aqui na faculdade é bem diferente porque as coisas são da comunidade ouvinte. Às vezes é bem complicado para os surdos compreenderem as leituras, os textos, acabo passando por certa dificuldade, em diferentes contextos sofro, mas luto para sobreviver, tenho que estudar, bem faço com esforço. (BISOL, Cláudia Alquati et al., 2010, p. 157) Diante da experiência da pesquisadora e das leituras realizadas acerca do ingresso de surdos no ES, buscou-se conhecer a realidade da UEPA que possui cerca de 60 graduandos surdos, contando apenas em um dos campi desta universidade, o Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) em Belém - PA. A trajetória da educação de surdos traz consigo barreiras que precisam ser superadas com um olhar acerca da sua identidade e cultura, portanto a proposta deste trabalho é apresentar uma estratégia de ensino inovadora, com uso das novas tecnologias, aos docentes de IES, a fim de minimizar essa barreira que surge no campo linguístico. Dessa forma surge a ideia de um app bilíngue que auxilie os docentes de graduandos surdos nas práticas pedagógicas a fim de contribuir de forma significativa no processo de ensino-aprendizagem. Com intuito de desenvolver um app de forma mais contextualizada a realidade de graduandos surdos, a criação deste iniciou a partir de um estudo de caso na disciplina Processos Linguísticos, disciplina fundamental do curso de Letras Libras da UEPA. O referido aplicativo apresenta em Libras: os sinais-termos e seus conceitos, assim como um breve exemplo do termo e textos da disciplina, a partir da ementa proposta pela docente ministrante da disciplina Processos Linguísticos. Santos (2017) conceitua sinais-termos, podendo ter três aplicações, nesta pesquisa considera-se os termos criados na Libras, para denotar conceitos contidos nas palavras usadas em áreas específicas do conhecimento. Portanto utiliza-se estes termos na área do curso de Letras Libras. Desse modo, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver um app bilíngue (LP-Libras) para docentes de graduandos surdos, como um recurso tecnológico que auxilia na aprendizagem dos termos específicos da disciplina. Os objetivos específicos que nortearam as etapas deste trabalho são: • Pesquisar acerca da educação de surdos no ES e aplicativos utilizados neste contexto; •Selecionar e elaborar termos, conceitos e exemplos dos termos juntamente com a docente da disciplina; • Transcrever os textos da LP para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) com o auxílio de um profissional tradutor; • Filmar em Libras os termos, conceitos e exemplos dos termos abordados na disciplina processos linguísticos; • Elaborar o app disciplinar bilíngue (LP - Libras); • Auxiliar o processo de ensino-aprendizagem de surdos por meio do uso do app como recurso didático. Conforme a justificativa e os objetivos apresentados, pretende-se em todo processo de pesquisa, respeitar os surdos como sujeitos formados por uma cultura visual e suas complexas relações linguísticas, históricas e sociais, para que assim o aplicativo proposto colabore no ensino-aprendizagem para melhor desenvolvimento acadêmico de graduandos surdos. Este trabalho integra uma pesquisa, em andamento, do Programa de Pós-Graduação Criatividade e Inovação em Metodologias de Ensino Superior, da UFPA, que propõe a elaboração de um app bilíngue para estudantes surdos do ES. 2 PERCURSO METODOLÓGICO Partiu-se de uma pesquisa bibliográfica acerca da educação de surdos no ES e aplicativos utilizados neste contexto. Posteriormente, uma pesquisa exploratória, com intuito de entrevistar pessoas surdas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado como sugere Gerhardt e Silveira (2009). Foram convidados quatro graduandos surdos a fim de verificar as maiores dificuldades enfrentadas ao ingressar no ES. As conversas iniciaram a partir da seguinte pergunta: qual sua maior dificuldade ao ingressar no ensino superior, no curso de Letras Libras? Após a identificação da dificuldade existente iniciou-se a coleta de requisitos para a elaboração do aplicativo bilíngue, onde o projeto foi apresentado à turma 2019 de Letras Libras, noturno, na disciplina de Processos Linguísticos. A turma colaborou para criação de uma lista de conceitos complexos estudados acerca do assunto aquisição da linguagem, depois os alunos pesquisaram os conceitos destes termos, a partir de autores estudados em aula, sob orientação da docente. Posteriormente os textos selecionados passaram por análise da docente da disciplina e foram selecionados cinco conceitos para serem transcritos da LP para Libras com o auxílio de um profissional tradutor de Libras que verificou os sinais adequados para a tradução do texto que foi sinalizado nas filmagens. Ao finalizar a transcrição do texto em Libras, o tradutor intérprete de Libras, que também é professor do curso de Letras Libras da UEPA, realizou as filmagens dos sinais-termos, conceitos e breves exemplos do termo para posterior edição dos vídeos. No momento das filmagens foram necessários os seguintes materiais: um smartphone Android de categoria intermediária com resolução de câmera de 12 megapixels, um tripé, um local com boa iluminação, uma roupa que contraste com plano de fundo e um aplicativo editor de vídeo. Neste trabalho foi utilizado o editor de vídeo “Filmora Go” por ser um app gratuito, intuitivo, que permite a edição no smartphone, além da facilidade de instalação e utilização. Após a produção dos vídeos e edição, foi utilizada uma conta no Gmail para a utilização de uma conta no YouTube, espaço onde foram armazenados os vídeos para que serem adicionados ao aplicativo. Ao finalizar o upload dos vídeos, foi produzido o aplicativo bilingue na Plataforma Fábrica de Aplicativos, uma plataforma "faça você mesmo", que permite a criação de aplicativos gratuitamente de forma intuitiva e sem programação. Figura 1 – Captura de tela do site Fábrica de Aplicativos Fonte: Elaborado pelos autores/2019 Entretanto ao concluir o aplicativo, a docente da disciplina identificou a necessidade da criação de um glossário na disciplina, devido a falta de registros dos sinais do curso de Letras Libras, uma vez que a Libras possuí características de uma língua natural, como a variação linguística. Dessa forma, os alunos na turma 2019 organizaram os sinais-termos conforme as orientações da docente e realizaram as gravações dos sinais indicados e estudados na disciplina. O glossário foi elaborado a partir das palavras estudadas em sala, os vídeos são compostos por soletração das palavras seguido do sinais-termos, conforme orientação da professora da disciplina. As filmagens do glossário foram realizadas em sala de aula conforme orientações da pesquisadora que elaborou um passo a passo de como realizar filmagens em Libras. Segue abaixo uma imagem do produto final visualizado por meio de um smartphone, o aplicativo a ser usado como recurso tecnológico educacional na disciplina Processos Linguísticos. O app apresenta nos ícones abaixo, respectivamente, a ementa da disciplina, vídeos com conceitos estudados, glossário da disciplina, apresentação de slides utilizado nas aulas, textos a serem lidos pelos alunos, aba de dúvidas para contato com a docente e informações sobre o app. Figura 2 – Aplicativo bilíngue da disciplina Processos Linguísticos Fonte: Elaborado pelos autores/2019 Após a elaboração do aplicativo se desenvolveu uma pesquisa de campo, baseada em uma abordagem qualitativa para coleta de dados, foram realizadas entrevistas qualitativas, conforme Yin (2016) estas são interações bidirecionais, e exige uma prática de intensa escuta e esforço para compreender o que os participantes dizem sobre seu próprio modo de ver e vivenciar o mundo, em vista de explorar o fenômeno educacional que envolve a compreensão do uso de aplicativos e recursos tecnológicos na educação de surdos. A entrevista foi realizada com sete graduandos, alunos concluintes do curso de Letras Libras da UEPA, momento em que foi apresentado o aplicativo final e a possibilidade de uso desses tipos de recursos educacionais em sala de aula na educação de surdos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Trabalhos correlatos Há diversos aplicativos que podem ser utilizados no âmbito educacional e social, ao que se refere a interação surdos-ouvintes, como os aplicativos tradutores de LP-Libras que auxiliam os ouvintes a estabelecerem comunicação com surdos. Mas ainda há poucos aplicativos bilíngues destinados aos profissionais da educação, principalmente aos docentes, para que seja utilizado como material de apoio nas suas práticas metodológicas. Este trabalho buscou desenvolver um aplicativo bilíngue que tenha condições de ser criado por docentes para uma área específica do conhecimento de forma prática e intuitiva, sem ter conhecimento de programação ou outros tipos de conhecimentos técnicos. Durante as pesquisas de aplicativos utilizados na educação de surdos, encontrou-se um aplicativo próximo a proposta apresentada neste trabalho denominado “Sinalário Disciplinar em Libras” , criado pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná com objetivo educacional de atender alunos e profissionais que atuam no ensino médio e que apresenta algumas características semelhantes ao proposto neste trabalho. O app possui cerca de 300 vídeos com sinais traduzidos da LP e apresenta os sinais-termos, a datilologia e a contextualização de cada um deles. Os sinais-termos são divididos em treze disciplinas que compõem o currículo do ensino médio, ele foi desenvolvido na plataforma Fábrica de Aplicativos, assim como é a proposta do presente trabalho. Além do app apresentado acima, destacam-se os apps “Hands Talk” e VLIBRAS, que são utilizados para comparação com a proposta deste trabalho. Figura 3 - Aplicativo correlacionado Fonte: http://galeria.fabricadeaplicativos.com.br/sinalario_pr /2019 Durante as revisões bibliográficas e testagem em aplicativos e plataforma, foram identificadas semelhanças e diferenças entre os aplicativos existentes e a proposta de cada um deles. Após as pesquisas,encontrou-se aplicativos como dicionários e auxílio à comunicação entre surdos e ouvintes no âmbito educacional e social. Entretanto apenas um aplicativo apresenta o exemplo do sinal-termo, sendo este aspecto importante para construção de sentido para as pessoas surdas, e nenhum dos aplicativos apresentados disponibilizam textos em LP relacionados aos sinais. É nessa perspectiva que nasce a ideia de um aplicativo bilíngue que disponibilize exemplos dos sinais-termos para que os surdos possam construir sentido acerca dos termos específicos apresentados da área de conhecimento estudada. O aplicativo desenvolvido nesta pesquisa apresenta os sinais termos contextualizados e textos em LP para que os discentes possam ler e estudar textos relacionados aos termos traduzidos no app. 3.2 USO DE RECURSOS TECNOLOGICOS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS As novas tecnologias têm trazido diversos benefícios para a comunidade surda, entre eles, a facilidade de registros em Libras, a possibilidade de conversar em língua de sinais, o acesso a informações e conhecimentos específicos em Libras e em LP, uso de recursos imagéticos presentes nas novas tecnologias. Goettert (2019) afirma que as novas tecnologias têm se apresentado como fundamentais na constituição dos surdos sujeitos, uma vez que a ampliação de acesso as novas tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) tem estado presente na vida diária da comunidade surda. As TDICs auxiliam na circulação de informações e novos saberes entre as pessoas surdas e a sociedade em geral, considerando o uso da Libras e da LP na forma escrita. Esses novos conhecimentos chegam à comunidade surda com valorização da sua língua e cultura, ao considerar há pouco mais de 10 anos eram escassas as possibilidades de envio e registro de informações instantâneas em Libras. Atualmente há diversos tipos de aplicativos e recursos tecnológicos para uso da comunidade surda por meio da língua brasileira de sinais, recursos que são utilizados no dia a dia seja para a comunicação entre surdos e ouvintes, tais como chamadas de vídeo ou envio de mensagens como é o exemplo do WhatsApp. Segundo Cláudio (2019) as redes sociais são formadas por diversos participantes ativos e com ela é possível comunicar-se, trocar ideias, informações, interagir e organizar-se em comunidades, é um movimento contínuo em função ao uso da internet. Além do uso diário das novas tecnologias de comunicação, a comunidade surda tem utilizado esses recursos para obter informações e conhecimentos de áreas específicas como já existem plataformas que possuem a tradução e explicação de termos específicos como Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) , entre outras. O uso das novas tecnologias pode promover mudanças e melhorias significativas na educação de surdos, uma vez que essas ferramentas usadas de forma pedagógica e didática podem auxiliar os surdos na compreensão de termos complexos na língua portuguesa. Cláudio (2019) afirma que os meios de comunicação digital situam a construção da cidadania comunicativa nesse sentido compreende-se a importância da comunicação digital no cotidiano de todos os sujeitos, sejam surdos ou ouvintes, pois ajuda a comunicar-se e se manter bem informado, é como se as pessoas surdas estivessem obtendo informações assistindo uma televisão ou escutando um rádio. O uso de recursos tecnológicos também promove a autonomia das pessoas surdas, devido o envio e recebimento de informações que permitem o uso da Libras, a sua língua, identidade e cultura visual. Conforme afirma Goettert (2019): A autonomia dos surdos é produzida na busca de respostas e caminhos que são construídos, de maneira mais independente e que, com o auxílio da tecnologia digital, promovem mudanças. A resolução das dúvidas agora está ao alcance dos surdos, seja por meio da língua de sinais ou da língua portuguesa. (Goettert, 2019, p. 128) Após a entrevista com sete concluintes do curso de licenciatura em letras libras, três ouvintes e quatro surdos, identificou-se o apoio quanto ao uso das tecnologias no ensino de surdos. Os sete entrevistados responderam que o uso de aplicativo é relevante na educação de surdos. Outra pergunta realizada para aos entrevistados: Você utilizaria aplicativos nas suas aulas para surdos? Todos os entrevistados responderam que sim. Uma entrevistada ouvinte explicou: “É... eu utilizarei sim, porque seria uma ferramenta né? De amplitude e eu poderia estar trabalhando com meus alunos, não só dentro da sala de aula, mas fora também.” (Luciana, 2019, dados da entrevista dia 12/12/2019) São pertinentes as reflexões sobre esse impacto frente a outras vivências dos surdos ao longo da história, uma vez que a tecnologia pode ser aplicada à educação de das pessoas surdas com objetivo de auxiliar o docente no processo de ensino-aprendizagem com turmas mistas, compostas por surdos e ouvintes. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho foi iniciado a partir de pesquisa bibliográfica para o levantamento de dados sobre a atual situação de surdos no ensino superior e aplicativos que já são utilizados neste contexto. Posteriormente, fez-se uma pesquisa exploratória que constatou as dificuldades enfrentadas por graduandos, na condição de discentes surdos, no que se refere à compreensão de termos e conceitos específicos dentro de determinadas áreas do conhecimento. Como resultados, constatou-se que o acesso ao ensino superior pelos surdos teve um aumento significativo e hoje são cerca de 2.138 surdos. Com relação aos aplicativos, observou-se que há aplicativos destinados a interação surdo-ouvinte, mas específico e elaborado para educação com sinais-termos e exemplos, apenas um foi encontrado. Quanto as dificuldades encontradas, identificou-se a falta de compreensão que os graduandos surdos sentem ao ler textos em LP no tocante aos termos e conceitos específicos de uma determinada área. A partir destas constatações, iniciou-se a criação de um app bilíngue a ser produzido contendo sinais e conceitos de áreas especificas do conhecimento, que servirá de apoio para compreensão das pessoas surdas que ingressam em uma graduação que possui vocabulários novos e complexos para serem estudados, pesquisados e adquiridos. No decorrer desta pesquisa e após as entrevistas, identificou-se os benefícios do uso de recursos tecnológicos, tais como aplicativos, que auxiliem no processo de ensino-aprendizagem de graduandos surdos, que considerem sua língua e cultura visual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BESEMER, Susan P.; TREFFINGER, Donald J. Analysys of Creative Products: Review and Synthesis. The Journal of Creative Behavior, v.15, n.3, 1981. BISOL, Cláudia Alquati et al. Estudantes surdos no ensino superior: reflexões sobre a inclusão. Cad. Pesqui., São Paulo, v. 40, n. 139, p. 147-172, Abril. 2010 . Disponível em: . Acesso em 08 Jan. 2019. Brasil. MEC. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior 2017. Brasília: INEP, 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/setembro-2018-pdf/97041-apresentac-a-o-censo-superior-u-ltimo/file. Acesso em 20 jan 2019. Brasil. MEC. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior 2013. Brasília: INEP, 2013. Disponível em: http://inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior Acesso em 30 maio 2019. CLÁUDIO, Janaína Pereira. A construção comunicativa digital dos sujeitos comunicantes surdos: estratégias metodológicas. IN: CORRÊA, Ygor; CRUZ, Carina Rebello (Orgs). Língua brasileira de sinais e as tecnologias digitais. Porto Alegre: Penso, 2019. DAROQUE, Samantha Camargo; PADILHA, Anna Maria Lunardi. Alunos surdos no ensino superior: uma discussão necessária. Comunicações, Piracicaba, n. 2, p. 23-32, jul-dez. 2012. Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. Disponível em: Acesso em 05 Jan. 2019 GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (Org); Métodos de pesquisa. Coordenado pela Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. GOETTERT, Nelson. As tecnologias como ferramentas auxiliares na comunicação em língua portuguesa para usuários de língua brasileira de sinais. IN: CORRÊA, Ygor; CRUZ, Carina Rebello (Orgs). Língua brasileira de sinais e as tecnologias digitais. Porto Alegre: Penso, 2019. MORAIS, Maria de Fátima. A avaliação da criatividade: a opção pelos produtos criativos. Recre@rte, 4, 2005. SANTOS, Patricia Tuxi dos. A terminologia na língua de sinais brasileira: proposta de organização e de registro de termos técnicos e administrativos do meio acadêmico em glossário bilíngue. 201. xix, 232 f., il. Tese (Doutorado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 08 Jan. 2019 SCHWENGBER, Eduardo Cipriani; SILVEIRA, Sidnei Renato; RIBEIRO, Vinicius Gadis. avaliação subjetiva da criatividade em produtos da atividade projetual, Revista Educação, v.10, n.1, 2015. YIN, Robert K. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Tradução: Daniel Bueno; revisão técnica: Dirceu da Silva. Porto Alegre: Penso, 2016. BIOGRAFIA DOS AUTORES Dionne Cavalcante Monteiro: Doutor em Engenharia Elétrica pela UNICAMP (2003), mestre em Engenharia Elétrica pela UFPA (1996), graduado em Engenharia Elétrica pela UFPA (1994). Atualmente é Professor Associado II da UFPA e atua no Programa de Pós-Graduação Criatividade e Inovação em Metodologias do Ensino Superior. Jessica Rocha de Souza Cardoso: Mestranda no Programa de Pós-Graduação Criatividade e Inovação em Metodologias de Ensino Superior - PPGCIMES, na Universidade Federal do Pará (2020). Graduada em Letras LIBRAS pela Universidade do Estado do Pará - UEPA (2016). Raquel da Silva Gomes: Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Taubaté - UNITAU (2008), especialista em Abordagem Interdisciplinar com Portadores de Deficiência pela Universidade do Estado do Pará - UEPA (1999). Atualmente é Docente do Curso Letras-Libras, da Universidade do Estado do Pará - UEPA.

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Reflexão

"O Poder do Entusiasmo"

Entusiasmo é acreditar na nossa capacidade de fazer as coisas acontecerem, de darem certo, de transformar a natureza e as pessoas.

Não espere ter as condições ideais para se entusiasmar.

Nós é que temos que transformar a nossa vida numa Vida Entusiástica.

Não é a realidade da vida que tem que nos entusiasmar, nós é que temos que entusiasmar a realidade da nossa vida! Nós é que temos que entusiasmar nossas idéias...

"DICAS PARA SE VIVER ENTUSIASTICAMENTE"

1- Afaste-se das pessoas e dos fatos negadores e negativos. Se você se deixar envolver por um ambiente negativo, você vai se transformar numa pessoa negativa.

2- Acredite nos seus "insights" positivos. Os vencedores são aqueles que acreditam nas suas idéias.

3 - Não reclame constantemente. Quando a gente reclama muito, se habitua a reclamar cada vez mais e acaba se transformando numa pessoa azeda. É insuportável conviver com pessoas que só vivem se queixando!

4- Cultive a alegria e o bom humor... Aprenda a sorrir! Terapia do Riso : Habituar-se a sorrir, a achar graça de si mesmo. O sorriso tem um efeito poderoso em nossa vida; as pessoas que zombam dos próprios erros, são mais felizes e mais fortes.

5- Ilumine seu ambiente de trabalho e da sua casa. A escuridão traz a depressão! O ambiente determina a condição funcional em que as pessoas agem e fazem as coisas ocorrerem.

6- Seja alguém disposto a colaborar com os outros. Sempre ache uma maneira de participar! Traga as pessoas mais próximo de você. Participe, converse com as pessoas com as quais convive. interesse-se pelas pessoas à sua volta!

7 - Surpreenda as pessoas com "momentos mágicos". Contagie os outros... Faça com que ao entrar num ambiente, as pessoas se contagiem com a aura de entusiasmo que envolve você!

8 - Faça tudo com sentimento de perfeição. Faça as coisas com vontade de fazer! Não faça nada pela metade! Faça as coisas com desejo de acertar e de criar o mais correto possível! Ande bem vestido, limpo e perfumado. Tenha orgulho da sua imagem. Gostar de si próprio, mantendo a auto-estima, é fundamental para o Entusiasmo.

10 - Aja prontamente. Faça agora! "DO IT NOW" Não postergue, não deixe para amanhã. Quando tiver alguma coisa para fazer, faça imediatamente. Sentiu que é o momento certo?

- Aja! ! !

"ENTUSIASMO SIGNIFICA TER DEUS DENTRO DE SI."

Descubra o entusiasmo na Vida! Seja capaz de transformar as coisas e fazê-las acontecer. Não espere as condições ideais, faça o Entusiasmo ocorrer pela crença de que você é capaz de realizações eficazes e de... VENCER OBSTÁCULOS ! ! !

Autor desconhecido



AMO VOCÊS

Melhores Momentos

Artigo

MANTENDO A DISCIPLINA EM SALA DE AULA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Artigo apresentado por alunos do curso de Pedagogia da UVA, na disciplina ATACC, sob orientação da professora Raquel Gomes


RESUMO
MARCIA SUZANE DE FREITAS BARRA
PATRÍCIA DA SILVA BENTES
SILVIA HELENA SILVA DE LIMA

Este artigo trata sobre como manter a disciplina em sala de aula com alunos do ensino infantil, destacando três tópicos que consideramos fundamentais, a saber: O papel da família, o papel do professor e os cuidados com a criança. Discorreremos cada um focalizando alguns detalhes imprescindíveis que precisam ser apreciados com toda atenção a fim de que seja alcançado o objetivo esperado por parte dos alunos, levando em consideração que os mesmos refletirão o meio onde vivem, e também não podemos ignorar as características que são peculiares nesta idade. Professor para trabalhar com essa idade tem que ter mais do que formação, precisa ter vocação e estar pronto para apresentar um universo de coisas novas de forma saudável e equilibrada tendo como meta o desenvolvimento pleno do aluno e não somente o aspecto cognitivo, pois é neste período que estão sendo estabelecidos os alicerces que formarão não apenas profissionais bem sucedidos, mas cidadãos respeitáveis e de caráter irrepreensível. E este processo fica sob a competência dos pais ou responsáveis e os educadores, nunca esquecendo que crianças nesta idade precisam de cuidados especiais, saibam estabelecer limites, lembrem-se que elas são imitadoras, que exemplo terão como base?

Palavras Chave: Disciplina, Pais, Professores, Crianças.


INTRODUÇÃO

Quando a criança inicia na escola, depara-se com o mundo novo, cercado de pessoas desconhecidas e isto automaticamente caracteriza-se em um choque, para alguns em maior proporção do que para outros, dependendo da realidade familiar dos mesmos, o que por sua vez acaba desencadeando comportamentos variados e alguns reflexos de indisciplina, que findam dificultando ao professor o controle em sala de aula.
Ao observarmos que a questão da indisciplina tem sido algo preocupante para muitos professores, decidimos pesquisar e discorrer sobre o assunto com o intuito de descobrir a origem do problema, as causas mais freqüentes e as possíveis soluções, objetivando ajudar crianças e professores no desenvolvimento de um relacionamento saudável onde a criança considere a autoridade do professor sujeitando-se de forma respeitosa às orientações e limites por ele estabelecidos.
Nossa pesquisa é de cunho bibliográfico e a delimitamos ao ensino infantil que compreende a faixa etária entre dois a cinco anos de idade. Conhecido como pré-escolar e encontrado somente em escolas particulares.

1. O PAPEL DA FAMÍLIA
Ah! Mais são tão pequenininhos! Será que não estão vendo problemas onde não existe?
Talvez este ainda seja o questionamento de alguns. É muito importante que fique bem esclarecido que a base de todo indivíduo está na família, e que desde bebezinho a criança já começa a assimilar características do meio a que faz parte: hábitos, costumes, regras, crenças...
Atualmente a família tem vivido uma grade crise, e não tem como ser evitado que os reflexos desta realidade sejam evidenciados em sala de aula. Aquela família tradicional, constituída de pai, mãe e filhos, é uma raridade; tem sido cada vez mais crescente os casos onde os pais trabalham fora, bem como o de separação e novo casamento e aquele núcleo familiar mais tradicional tem dado lugar a ausência dos pais e a diferentes famílias vivendo sob o mesmo teto. Se uma situação desta afeta pessoas maiores, não dá para dimensionar as sequelas que acabam ficando impressas nas emoções das crianças desta idade que muitas vezes são evidenciadas através de insegurança, sentimento de abandono, carência afetiva, agressividade, falta de concentração. E em contrapartida, alguns pais acabam carregando o sentimento de culpa e algumas vezes até de forma inconsciente tentam compensar estas carências dando tudo o que elas querem, não impondo limites, comprando roupas e brinquedos caros. E correção é algo que se desconhece em seus vocabulários. Numa tentativa de acertar, infelizmente, acabam trazendo sérios prejuízos às crianças, tornando-as desagradáveis e mal educadas, e tudo isto é muito mais sério do que se pensa, pois pode vir a desencadear deformidades no caráter da criança e uma série de outras consequências.

A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade. (FREIRE, 2000, p.29)


Como Freire diz, também existe aquele outro caso, que é o excesso de complacência, de permissividade, tudo o que a criança faz é lindo e não tem porque tolí-la.
Nunca esqueçam que a criança de hoje é o adulto de amanhã. Qual tem sido a sua contribuição para esta formação?
Esses conflitos acabam se agravando, principalmente quando a escola tenta intervir. Ocorre que muitos pais por tudo o que já foi citado, transferem responsabilidades à escola, mas não aceitam com tranqüilidade quando esta mesma escola exerce o papel que deveria ser deles.
Em outras palavras, como diz Zimermam, os pais que não tem condições emocionais para suportar a sua parcela de responsabilidade, acabam culpando aos professores e a escola pelo procedimento de seus filhos. E foi pensando nestas situações que o MEC teve a iniciativa e instituiu a data de 24 de abril como o dia nacional da família na escola. Neste dia todas as escolas são estimuladas a convidar os familiares dos alunos a participarem de suas atividades educativas, pois segundo declaração do ex-ministro da educação, Paulo Renato Souza: “Quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles aprendem mais.”
A família deve, portanto, se esforçar para estar presente em todos os momentos da vida de seus filhos. Presença que implica envolvimento, comprometimento e colaboração. Deve estar atenta às dificuldades não só cognitivas, mas também comportamentais.

2. O PAPEL DO PROFESSOR

O professor será aquele com quem a criança passará boa parte do seu tempo e é de sua competência procurar conhecer a realidade de cada aluno, o que se dará no decorrer da convivência e nas oportunidades de relacionamento com os pais e familiares dos mesmos.
O educador não pode esquecer que esta recebendo crianças com costumes e práticas muito variadas.
Educar, portanto não é uma tarefa fácil exige muito esforço, paciência e tranqüilidade. Exige saber ouvir e também saber calar. O medo de magoar ou decepcionar os pais deve ser substituído pela certeza de que o amor também se demonstra sendo firme no estabelecimento de limites e responsabilidades.
Para ser educador é preciso estar preparado, pois muitas vezes são incompreendidos quando por algum motivo precisam se ausentar, geralmente a cobrança é acirrada por parte dos pais. A comunicação aqui é fundamental, pois se você vem mostrando no decorrer dos meses que é um profissional responsável ficará mais fácil a compreensão dos mesmos.
Ser professor desta idade requer muito mais do que formação ou conhecimento de técnicas, tem que ter vocação especial e gostar muito de crianças. Lembrando sempre que elas ainda não tem coordenação motora firme, as vezes cai o suco, sujam a mesa na hora do lanche, algumas ainda usam fraldas descartáveis, tem que fazer higiene diária e como ainda são muito dependentes, isto dá trabalho.
Por isso, muitas vezes acontecem problemas quando o profissional esta na função apenas por que precisa do salário. É ai que acabam acontecendo aberrações como foi o caso que encontramos na internet daquela professora de Caxias do Sul, que cometeu aquele absurdo com um aluno de 5 anos colocando fita adesiva na boca da criança, desencadeando uma lesão alérgica na região, quando então os pais vieram ter conhecimento e foram fazer reclamação na escola causando a demissão da profissional.
Na educação infantil, é fundamental insistir no papel do professor como mediador, como aquele que constantemente proporciona modelos de atuação que o aluno irá progressivamente interiorizando.
É necessário que o professor exercite a capacidade de conhecer seus impulsos e ansiedades. Quando houver necessidade de chamar a atenção que se mantenha o volume de voz correto, não é por se falar alto que se tem autoridade, ter sempre o cuidado para não expor a criança publicando os seus erros ou dificuldades em tarefas, e sempre dar atenção igual a todos. Nesta faixa etária eles precisam sentir segurança afetiva - receba-os de forma calorosa, com beijinhos e abraços, expressões como estas não tirarão sua autoridade muito pelo contrario fará você conquistar o amor da criança e juntamente com ele o respeito e a confiança, que resultarão em obediência.
Vale ressaltar que autoridade se conquista com respeito e boa influencia enquanto que autoritarismo se impõe na marra: “Tem que fazer porque a professora aqui sou eu!”. Relacionamentos humanos são construídos e solidificados através do respeito e do reconhecimento e as crianças da pré-escola também gostam disso, então não poupe elogios.
Piaget, diz que o desenvolvimento cognitivo nesta etapa acontece por meio de imagens e habilidades da memória. O aprendizado é condicionado e mecânico e também são egocêntricos, começando gradualmente a assimilar que também existem os coleguinhas. Professor, explore bastante figuras, desenhos, imagens; incentive-os a compartilhar lanches, brinquedos, e materiais diversos.

3. CUIDADOS COM A CRIANÇA

A criança do ensino infantil necessita de cuidados especiais e de muito maior atenção por parte dos pais e educadores. Pois não podemos esquecer que elas estão sendo “Modeladas” e aquilo que elas serão na fase adulta vai depender muito de como tudo isso foi construído.
Por isso, compete aos pais a “vigilância”, o cuidado quanto a tudo aquilo que a criança tem sido exposta quando esta em casa. Que tipo de programação ela tem assistido - terror, novelas onde as cenas de sexo, rebeldia, traição, e todo tipo de lixo é disseminado. Como é o relacionamento entre os membros da família? Há respeito, consideração, costumam falar palavrões, quem são as pessoas que estão freqüentemente em sua casa? Não tem como esperar que a criança tenha um comportamento diferente daquele ao qual ela esta sendo exposta, até porque nesta faixa etária elas são imitadoras.
A criança é totalmente dependente da pessoa mais velha, não tem como decidir sozinha, esta completamente vulnerável e sujeita as boas e as más influencias. O caráter da criança está em formação é preciso que os pais saibam estabelecer limites.
E os educadores que são aqueles que recebem estas preciosidades que são as crianças, precisam ser éticos e agir com sensatez e sabedoria, considerando o contexto familiar de onde elas vêm, sempre buscando entender o comportamento de cada uma a partir de sua realidade, lembrando que não há uma fórmula mágica que funcione com todos e o fato de serem crianças não lhes tira a individualidade. E outro fator que jamais pode ser esquecido é o de que elas estão em processo de socialização onde aprenderão a cumprir horários, esperar sua vez, compartilhar seus brinquedos e o colo de sua professora.
De acordo com Piaget, crianças neste período estão em crescente redução do egocentrismo, por causa da socialização na escola, logo nem tudo é rebeldia, é preciso que se considere a fase da criança e que muitas de suas ações correspondem a este período.

CONCLUSÃO

Após observamos cada ponto que foi ressaltado para que seja mantida a disciplina em sala de aula no ensino infantil - O papel dos pais, O papel do professor e os Cuidados com a criança concluímos que se forem considerados e praticados não será tão difícil.
É preciso compreender, por exemplo, que no momento em que a escola e a família conseguirem estabelecer um acordo na forma como irão educar suas crianças, muitos dos conflitos que foram observados serão paulatinamente superados. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que a família realmente participe da vida escolar dos seus filhos. Pais ou responsáveis devem comparecer à escola não apenas para entrega de avaliações ou por algum problema. O comparecimento e o envolvimento devem ser permanentes e, acima de tudo, construtivos numa completa harmonia desde que existem objetivos comuns.
E o professor por sua vez, deve ficar atento as características que são comuns as crianças nesta faixa etária, tendo sempre aquela visão de que eles estão em processo de formação, logo “nem tudo é rebeldia”. Lembrando sempre que sua participação na vida da criança não só no aspecto cognitivo, mas também em todos os outros aspectos tem grande peso.

REFERÊNCIAS
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